Que tipo de letras se deve usar na alfabetização?
A proposta de alfabetização e letramento deve naturalmente adequar-se às exigências da realidade atual. Nessa realidade, a letra de imprensa está presente em todos os momentos da vida de crianças e adultos: nos livros, na televisão, nas revistas, nos jornais, nas embalagens, nos rótulos, no teclado do computador. Sendo assim, fica claro o papel social fundamental da letra de imprensa na alfabetização.
Começar a alfabetização com letra de imprensa maiúscula é uma tentativa de respeitar a sequência do desenvolvimento visual e motor da criança. Esse tipo de letra, por ter um traçado mais simples, possibilita uma ampliação de tempo para pensar sobre a escrita dos diversos tipos de texto, das palavras e das letras que devem ser usadas para representar os sons.
E a letra cursiva não precisa mais ser ensinada?
Na verdade, não existe apenas um alfabeto, e sim vários tipos de alfabetos, e todos são socialmente importantes. Dessa maneira, a alfabetização precisará trabalhar com todos os tipos de letras, iniciando o trabalho com letra de imprensa maiúscula para a leitura e para a escrita. Em paralelo, deve estabelecer a relação desses tipos de letras com as cursivas, trabalhando a movimentação delas na pauta dupla. A letra de imprensa minúscula deve ser usada apenas para a leitura, embora possa ser utilizada para a escrita com o auxílio do alfabeto móvel.
Algumas observações importantes em relação às letras:
Letra de imprensa minúscula ou script
É importante esclarecermos que essa letra é apenas para leitura, nunca para escrita. É importante que você esteja atento, pois, como algumas letras e também números apresentam formas semelhantes, diferenciando-se apenas pela posição espacial (b/d/p/q/g/6/9, u/n), algumas crianças confundem o fonema correspondente na hora de ler (dola/bola).Letra cursiva maiúscula e minúscula
A letra cursiva tem este nome por seu traçado obedecer a um curso, uma continuidade. É uma letra basicamente escolar, ou seja, usada predominantemente na escola. É importante que os alunos a conheçam para ler e, se possível, escrever. Mas algumas crianças não o conseguem, principalmente aquelas com Necessidades Educativas Especiais (NEEs). Por ela não ser encontrada nos escritos diários (jornais, revistas, livros, outdoor, computador etc.), seu uso exclusivo em sala de aula dificulta a leitura geral dos alunos.
Mesmo assim, é importante que a criança aprenda o traçado correto desse tipo de letra e use a letra maiúscula com propriedade. Acima de tudo, seja qual for a letra usada, o essencial é que seja legível.
Consciência fonológica e seu desenvolvimento
O que é consciência fonológica? Como ela se desenvolve? Qual é sua importância para a alfabetização?
A consciência fonológica pode ser definida como a habilidade de manipular a estrutura sonora das palavras, desde a substituição de determinado som até sua segmentação em unidades menores.
É uma capacidade cognitiva a ser desenvolvida, uma vez que contribui para o processo de aquisição da leitura e da escrita. Sua importância está ligada à compreensão do princípio alfabético e ao desenvolvimento de habilidades, como o reconhecimento de sílabas e fonemas numa palavra.
Diversas formas linguísticas com as quais uma criança tem contato contribuem para a formação de sua consciência fonológica, dentre as quais se destacam músicas, cantigas de roda, poesias, parlendas, jogos orais e a própria fala.
É de suma importância no desenvolvimento da consciência fonológica o trabalho com rima e aliterações.
A rima é a identidade sonora que ocorre, geralmente, no final das palavras. Por exemplo, para rimar comsapato, a palavra deve terminar em ato; para rimar com café, a palavra precisa terminar somente em é. A equivalência deve ser sonora e não necessariamente gráfica, ou seja, as palavras massa e caçarimam, pois os sons com que terminam são iguais, independentemente da forma ortográfica.
Cantigas, parlendas e trava-línguas: contribuição para o letramento
MARCHA SOLDADO
Marcha soldado, cabeça de papel.
Se não marchar direito, (crianças marchando)
Vai preso pro quartel.
Corre soldado, cabeça de papel.
Se não correr direito, (crianças correndo)
Vai preso pro quartel.
Pula soldado, cabeça de papel.
Se não pular direito, (crianças pulando)
Vai preso no quartel.
As crianças mudam os movimentos de acordo com a letra da música e as ordens dadas por quem está cantando:
Anda soldado...
Senta soldado...
Grita soldado...
Dorme soldado...
Se não marchar direito, (crianças marchando)
Vai preso pro quartel.
Corre soldado, cabeça de papel.
Se não correr direito, (crianças correndo)
Vai preso pro quartel.
Pula soldado, cabeça de papel.
Se não pular direito, (crianças pulando)
Vai preso no quartel.
As crianças mudam os movimentos de acordo com a letra da música e as ordens dadas por quem está cantando:
Anda soldado...
Senta soldado...
Grita soldado...
Dorme soldado...
A CANOA VIROU
1ª parte
Forma-se um círculo e, de mãos dadas, a turma canta os versos a seguir trocando o nome "Maria" pelo nome de um aluno, que deverá ir para o centro da roda. Depois, repete-se a música falando o nome de outro aluno até que todas as crianças tenham ido para o centro.
A canoa virou
Por deixar ela virar
Foi por causa da Maria
Que não soube remar.
A canoa virou
Por deixar ela virar
Foi por causa da Maria
Que não soube remar.
2ª parte
Depois, você deve cantar a estrofe a seguir. Quando ouvir seu nome, o aluno deve sair do centro da roda e ficar de costas para ela. Repete-se a música até que todos tenham saído da posição da 1ª parte da cantiga.
Se eu fosse um peixinho
E soubesse nadar,
Eu tirava a Maria do fundo do mar.
Se eu fosse um peixinho
E soubesse nadar,
Eu tirava a Maria do fundo do mar.
Fonte: Artigo da Editora do Brasil
http://www.editoradobrasil.com.br