ACADEMUS CENTRO DE FORMAÇÃO CONTINUADA
Fone: 11- 2217- 5022 ou 11- 2217- 5015
Av. Maciel Monteiro, 726 sobreloja –CEP 03566-000 Artur Alvim. São Paulo/SP
O Espaço Conviver e Aprender tem como objetivo auxiliar e mediar os sujeitos para uma aprendizagem significativa. O trabalho nesse espaço é evidenciado por profissionais que visam compreender os sentimentos que advém da auto-estima, essa por sua vez, deve ser entendida primeiramente com o próprio indivíduo e depois por seus pares.
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CURSO – “HORA DO CONTO”
Os sons do silêncio
http://www.metaforas.com.br/os-sons-do-silencio
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Uma das frases mais repetidas por educadores é: nenhuma criança deve ser deixada para trás. Ela dá a entender que existe, sim, uma idade ideal para que a aprendizagem aconteça de modo a que toda criança, mesmo respeitado seu ritmo próprio, seja capaz de acompanhar o grupo a que pertence. Entretanto, pesquisas têm demonstrado que a defasagem existe desde o início do Ensino Fundamental, base da educação, quando a criança de oito anos completos não se mostra muitas vezes capaz de ler um texto simples e escrever frases curtas - e deveria!
Especial Alfabetização Dicas e informações para melhorar a aprendizagem da leitura e escrita de crianças e adultos. |
Por que isso acontece? "Alfabetização é um processo cognitivamente lento, e linguisticamente também", explica a educadora Magda Soares, um dos nomes de maior prestígio no assunto no País. "O primeiro contato deve ser feito durante a Educação Infantil, mas não é o que tem acontecido no Brasil, onde há uma resistência em introduzir a criança na alfabetização desde o início de vida escolar, optando apenas em orientá-la socialmente". E o que seria, nesse caso, introduzir? "A criança é levada a perceber que as palavras escritas no livro que a professora transforma em sons quando lê para ela são formadas por letras, e que as letras representam sons da fala", detalha Magda. Dessa forma, a criança ganha consciência desde cedo de que a fala é um conjunto de sons, que vai registrar mais tarde com a escrita.
De acordo com o último Plano Nacional de Educação (PNE), crianças devem estar alfabetizadas até os oito anos, mostrando-se "... capazes de ler e escrever um pequeno texto, e de fazer inferências a respeito, o que atesta a compreensão sobre o que leram", realça Inês Kisil Miskalo, gerente-executiva de Educação do Instituto Ayrton Senna, em São Paulo. Ou ainda, como detalha oficialmente o PNAIC (Plano Nacional pela Alfabetização na Idade Certa): "Estar alfabetizado significa ser capaz de interagir por meios de textos escritos em diferentes situações; ler e produzir textos para atender a diferentes propósitos - a criança alfabetizada compreende o sistema alfabético de escrita, sendo capaz de ler e escrever, com autonomia, textos de circulação social que tratem de temáticas familiares ao aprendiz". Porém, segundo os resultados da Prova Brasil de 2012, apenas 30% dos alunos do 3º ano do Ensino Fundamental (ou seja, crianças de oito anos, em sua maioria) demonstraram ter aprendizagem adequada em escrita - muito longe, portanto da meta oficial.
O que isso significa na prática escolar? A criança, que apresenta dificuldades, não consegue acompanhar as atividades que o professor dá para a classe, o professor diz que o problema não é dele, mas sim da família que, por sua vez, devolve para a escola a culpa pela situação. Ou seja: nem escola nem família assume a responsabilidade, deixando a criança sozinha, logo ela, a personagem central de um processo em andamento, o da alfabetização. E o mais importante é que "o fracasso, em 99% dos casos, não é do aluno, mas sim de como se trabalhou com ele", diz Inês Kisil Miskalo, do Instituto Ayrton Senna.
Quando a alfabetização não aconteceu como manda o figurino, a criança fica bem para trás do desempenho do seu grupo. Começa - e de modo cascata - a não aprender o que deveria, seja em língua portuguesa, seja do que dela deriva: afinal, até para resolver uma conta de matemática ela terá de ler e compreender o enunciado. Assim, o que parece ser problema exclusivo de uma criança se torna problema do Brasil. Em redes públicas de ensino espalhadas País afora, mais de 30% dos alunos estudam em séries fora da idade ideal no Ensino Fundamental, sendo mesmo possível que até 60% desse total demonstre não terem sido alfabetizados corretamente.
Como reverter essa situação? Para Inês Kisil Miskalo, do Instituto Ayrton Senna, é vital investir na formação dos professores alfabetizadores, que "têm dificuldade em lidar com o que acontece em sala de aula, pois foram trabalhadas na universidade muito mais na teoria do que na prática, e é justamente de prática que eles precisam ao tratar da alfabetização de uma criança". E, se muitos professores ainda não conseguem superar as dificuldades que atrapalham a criança no contato com as primeiras letras, o que dizer da família? Como detectar os sinais de que algo deu errado, melhor, não está correndo como deveria, ajudando a escola a diagnosticar a alfabetização do seu filho? A seguir, dicas de como os pais devem proceder no dia a dia a partir da experiência das especialistas e assim terem controle sobre o andamento do aprendizado, tanto da leitura quanto da escrita. Lembrem-se: criança bem alfabetizada é criança preparada para nunca mais parar em sua vida de estudante.
Maria. João. Antônio. Cecília. Fernanda. Imagine se não tivéssemos um nome. No meio de milhões de outras pessoas, como seríamos diferenciados? A importância dessa palavra levou muitos linguistas e antropólogos a acreditar que a escrita foi fonetizada por causa dos nomes próprios, uma vez que os pictogramas não davam conta de codificá-los e registrar a diversidade de indivíduos. Atualmente, é difícil conceber uma sociedade que não utiliza o nome próprio para registrar a diferença – e, por conseguinte, a identidade – de cada membro.
Diante disso, como pensar, então, numa forma mais significativa para dar início à alfabetização escolar?
Foram as descobertas sobre a origem e o desenvolvimento da escrita, conhecidos como psicogênese (leia mais sobre a Psicogênese da Língua Escrita, de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, abaixo), que evidenciaram os processos de aprendizado das crianças e questionaram os métodos tradicionais de alfabetização, baseados na cópia de famílias silábicas. Com base nos estudos da pesquisadora argentina, a criança se tornou protagonista da própria aprendizagem. Desafiada pelas atividades e pelas intervenções do professor, a criança investiga, testa ideias, repensa, corrige. Aos poucos, se apropria do sistema de escrita.
Na etapa inicial de alfabetização, o papel do professor é ampliar, de maneira significativa, a inserção das crianças no universo da escrita, com o qual elas já têm contato por meio de, por exemplo, cartazes que veem na rua, da televisão e das listas de compras que seus pais fazem. “Não podemos dizer que se inicia o trabalho com nomes na Educação Infantil, mas que se dá continuidade a esse processo de alfabetização, que já estava acontecendo no ambiente familiar, de forma mais intencional e sistemática”, explica Andréa Luize, coordenadora do Núcleo de Práticas de Linguagem da Escola da Vila, em São Paulo. E nada melhor que uma palavra estável – não importa onde a criança veja seu nome, ele sempre estará escrito do mesmo jeito – para começar esse trabalho.
As crianças, aliás, intuem a importância do nome mesmo sem saber escrever. A psicolinguista Ana Teberosky, no livro Psicopedagogia da Linguagem Escrita, destaca a precoce tendência infantil a marcar suas produções, ainda que em forma de garatuja. Quando chegam à escola, essas crianças passam a dividir o espaço com muitos outros pequenos. Por isso, percebem que o nome delas adquire muito sentidoquando identificam seus objetos pessoais, como mochilas e lancheiras. “Socialmente, a escrita do nome ganha relevância”, diz Andréa Luize.
Na realidade da sala de aula, como utilizar essa palavra cheia de sentido? Beatriz Gouveia, coordenadora de projetos do Instituto Avisa Lá e professora da pós-graduação em Alfabetização do Instituto Superior Vera Cruz, diz que o trabalho com os nomes próprios deve ter objetivos de aprendizagem diferentes, de acordo com a faixa etária dos alunos. “Nas turmas de 2 e 3 anos, por exemplo, a preocupação é fazer com que a criança reflita sobre as marcações dos pertences e sobre a sua identidade”, explica. Assim, ela se enxerga como um ser distinto dos outros que a rodeiam.
Já nas turmas de 4 e 5 anos, o nome passa a ser um contexto para a reflexão sobre o próprio sistema de escrita. À medida que vão se apropriando do sistema e percebendo suas regularidades, como quantidade e disposição das letras e combinação dos sons, os pequenos passam a utilizar esses conhecimentos adquiridos para descobrir e escrever novas palavras. “O nome próprio será um referencial importantíssimo para a leitura e escrita de outros textos e é o professor que propõe às crianças recorrer a essas fontes de informação para que resolvam um problema”, diz Diana Grunfeld, especialista em didática da alfabetização e membro da equipe de coordenação da Rede Latino-americana de Alfabetização.
Nos próximos dois blocos deste especial, você encontrará propostas de atividades e de intervençõesque permitem às crianças avançarem em seus conhecimentos sobre a escrita.
O trabalho com nome próprio na sala de aula já virou objeto de muitas pesquisas. No entanto, alguns estudos se tornaram referência para quem quer entender como se dá o processo de aquisição da língua escrita pelas crianças e qual o papel do professor nesse caminho. Abaixo, separamos três textos que podem contribuir muito para sua formação como professor alfabetizador. Clique na capa das obras para saber mais.